domingo, 14 de abril de 2013

Ao Cair da Neve - Capítulo Dois





Elsenward


[A imagem do capítulo vai estar aqui, quando estiver pronta]

A neve havia cessado de madrugada, mas a sua presença ainda era evidente, em todas as árvores, na estrada, no telhado das casas.
Elloise apreciava a paisagem de vez em quando, entediada.
– Falta muito para chegarmos no fim de mundo?
– Não, querida. – Sua mãe respondeu-a. – E o nome da cidade é Elsenward.
Em resposta ao olhar severo de sua mãe, Elloise revirou os olhos, com desprezo.
– Pouco me importa o nome dessa droga de cidade.
– Não diga isso. – Seu pai, até então quieto pronunciou-se. – Essa "droga" de cidade é agora nosso lar.
– Mas por que justo você tinha que ser transferido, papai??
– Porque eles precisam de alguém experiente para cuidar das coisas por aqui. Não podiam mandar o John.
– Claro que não podiam, ele é um babaca. – Elloise já tinha ouvido falar dele. Nada bom, se quer saber. – Não sei nem porque ainda não demitiram um cara que quase levou a empresa à falência.
O pai riu com a indignação da filha.
– Oh, já estamos chegando.
Elloise olhou para fora de novo e, dentre as árvores, jurou ter visto alguma coisa. Um animal, talvez? Não, seja lá o que fosse, andava como um ser humano.
Devia ser humano. Quem sabe estava fazendo uma trilha pela floresta?
Deve ser a única coisa que tem pra se fazer aqui.

Na entrada da cidade, havia uma placa simples de madeira com os dizeres "Bem-vindo a Elsenward – A cidade mais pacífica do país"
Correção, a cidade mais tediosa do mundo todo. – Elloise pensava, azeda.
Ao estacionarem o carro, Elloise desceu e fez questão de mostrar-se mais indignada do que antes.
– Mamãe, quantos quartos esta casa tem?
– Dez, no máximo. – Ela ficou de queixo caído. Dez quartos? Não daria para guardar todas as suas coisas nem que jogasse metade fora. – Deixo você escolher o maior quarto.
– Os maiores quartos, você quis dizer.
– Não. Querida, um quarto para você é suficiente.
– Mas e as minhas coisas?
– Não são tantas assim, um quarto é suficiente. – Sua mãe afirmou.
O pai abriu a porta da frente e se preparou para descarregar as malas. – A casa já estava parcialmente mobiliada, visto que o caminhão de mudanças foi para lá com o carro de mudanças no dia anterior e os móveis foram colocados na disposição ordenada pelo casal.
Apenas os quartos ainda não estavam mobiliados, por isso Elloise ainda poderia escolher.
Ela subiu as escadas, os passos ressoando pela casa.
Desde que chegara tinha aquela sensação de estar sendo observada por alguém. Que desagradável.
Os quartos não eram muito bonitos, as paredes estavam descascando, mas conseguiu escolher o maior. Era o único que tinha uma varanda também.
– Mamãe, papai! Já escolhi o meu quarto!
– Muito bem, querida. Daqui a meia hora o caminhão de mudança chega com os seus móveis. Ela assentiu e pegou sua mala, já verificando se não havia esquecido nada.

Em resumo, ao fim do dia seu quarto já estava mobiliado e ela apenas colocou suas roupas e sapatos no guarda-roupa e decorou-o novamente com o seu tapete, seu mural de fotos, seus cadernos, tudo.
Sua mãe foi até lá e entregou-lhe uma espécie de uniforme, dobrado.
– O que é isso? – Elloise desdobrou as roupas. Eram horríveis ao seu ver. – Pelo amor de Deus, não me diga que vou ter que usar isso.
– Sim, vai. É o uniforme do colégio. Providenciei-o o mais rápido possível para você frenquentar as aulas. E o seu material está lá embaixo.
Elloise fez uma careta e jogou o uniforme dentro do guarda-roupa.
– Vai ver só, quando menos esperar, já vai ter se acostumado com a vida pacata daqui.
Humpf. Duvido muito.

~ Fim do capítulo ~

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