quinta-feira, 21 de março de 2013

Testando O Amor - Capítulo Um





O Pedido

Avisos: Essa história é bem leve, se comparada com as outras e é mais comédia mesmo, mas espero que vocês se divirtam com a retardada da Joan. Boa leitura! <3


[A imagem do capítulo vai aqui, quando estiver pronta]


Oi. Meu nome é Joan e eu tenho dezesseis anos. Tenho cabelos castanhos, um pouco curtos demais para uma menina e olhos normais demais, para que alguém perceba-os. Não sou nem muito alta, mas também não sou baixinha. Minha pele é clara, mas não é aquele exagero descrito em certos livros. Minhas roupas não são chamativas, são apenas normais. Não me destaco na multidão e minhas notas são medianas. Sou uma pessoa normal.
Uma pessoa normal, com amigas normais, com uma vida normal, com uma família normal e com uma paixão normal.
Uma paixão. Não, não é paixão. Eu sei que sou nova e ainda inexperiente, mas acho que o amo. Faria qualquer coisa por ele, mataria e morreria. Pode parecer exagero ou uma confissão dramática de uma adolescente qualquer, mas vocês não entendem o tamanho do sentimento que tenho por ele, seja amor ou paixão. Ou quem sabe uma mistura dos dois.
Eu sequer falei com ele e, se ele sabe o meu nome, já é grande coisa. Somos da mesma sala, mas não me sento perto dele. Não temos amigos em comum - ou melhor -, ele não tem amigos. Os meninos não falam com ele. Houve uma época em que até tentavam, mas Daniel é uma pessoa muito fechada, muito centrado em seu próprio mundo. E ainda assim, faz sucesso com as outras meninas. Não só da minha sala, mas de outras também!
Mas nenhum de seus relacionamentos duram muito. Todos, todos eles, sem excessão, duram uma semana e depois, misteriosamente eles terminam e voltamos à estaca zero.
Eu gosto de passar as aulas observando-o. Ele não parece notar que é observado por mim constantemente, mas eu faço isso em 90% das aulas. É o meu passatempo favorito. Eu podia passar dias, semanas, meses, a minha vida inteira, só observando a ele.
– Jô? – Alguém me chamou, enquanto eu estava imersa em meus pensamentos. Eu estava tão longe, que não pude nem distinguir quem era o dono da voz. Mas aos poucos, eu fui voltando ao mundo real e a voz ficou mais reconhecível, como se eu estivesse saindo de debaixo da água e meus ouvidos pudessem, agora, desempenhar sua função normalmente. – Jô?
– Hm? – Eu olhei para os lados, procurando a pessoa quem me chamou. Quando olhei para frente, o meu amado olhava para mim, com a mesma expressão de indiferença de sempre. – Oh... – Foi tudo o que eu consegui dizer.
– Há algo de errado comigo? – Ele perguntou, já se levantando da carteira com a intenção de vir até mim.
– N-N-Não, de f-forma alguma.  –Patético, patético, patético! Será que não tem como eu me comunicar de forma normal com ele??
– Então o que você tanto observa?
– NADA! – Eu gritei. Não acredito que gritei, meu Deus, que vergonha. Ele continuou andando até mim e abriu um meio sorriso. Devia estar mesmo se divertindo com a babaca aqui. – T-Tá rindo do quê??
– De você. – Ele respondeu, sem aparentar nenhum nervosismo ou preocupação. – De quem mais eu estaria rindo?
Eu não conseguia respondê-lo. Estava paralisada e minhas pernas estavam começando a tremer. Minhas mãos estavam encharcadas de suor e meu coração, acelerado. Ele deve ter notado, pois abriu um sorriso maior ainda.
Eu não sabia como agir e ainda estava ocupada tentando fixar a imagem de seu sorriso em minha mente.
– Agora é intervalo. Está a fim de ir até o terraço comigo? – Eu apenas concordei com a cabeça, os olhos arregalados. Ele passou por mim e sinalizou, a fim de que eu o seguisse. – Ah, e mais uma coisa.
– O quê? – Ele passou um de seus dedos pelo meu queixo e depois o passou pelos meus lábios.
– Você está babando.
Merda!


Incrível. Ele nunca prestou atenção em mim, e quando presta, eu gaguejo feito uma tonta E babo. Ótimo. Como se não bastasse.
Ainda sim, eu decidi seguí-lo. Afinal, não custava nada, não é?
Pelo caminho, algumas pessoas nos olhavam e começavam a cochichar entre si, coisas que eu não conseguia escutar. A maioria das pessoas, eram meninas, mas havia um menino curioso aqui e ali. Eu cheguei a achar que eles iam acabar nos seguindo, mas isso não aconteceu. Quando finalmente chegamos, eu me sentei contra a grade e perguntei:
– E então? – Eu tentava bancar a garota legal, que não se deixa afetar por nada, com uma pose de durona, mas o meu corpo me condenava. A tremedeira estava piorando.
Ele sentou-se de frente para mim. Já não sorria mais, mas mantinha uma expressão divertida.
– Você gosta de mim? – Eu tenho certeza de que fiquei vermelha. Subiu um calor para o meu rosto e eu abria a boca e fechava, que nem um peixinho dourado. – É, acho que gosta. – Ele disse, convencido. Não acredito que ele me trouxe aqui só pra tirar uma com a minha cara.
Mas seu próximo passo quase me matou. Por mais que eu tivesse visto o que estava por vir, fiquei tão nervosa que virei pedra, de tão rígida que eu estava. E antes que eu percebesse, nossos lábios já encostavam-se um no outro e seus braços me envolviam.
O beijo deve ter durado no máximo três segundos, mas eu posso lhe garantir que a minha vida toda, valeu a pena só por causa dele.
– Joan... – Ele se afastou um pouco, para poder olhar-me nos olhos. Uma de suas mãos seguravam meu rosto e eu estava tão feliz que se alguém interrompesse aquele momento, eu acho que matava.
– Sim? – Tentei soar calma, mas até os anjos, em meio a todos os seus afazeres, notaram o tremor contido em minha voz.
– Seja minha namorada. – Daniel disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Eu fiquei quieta, esperando ele dizer "Brincadeirinha! Enganei você, boba!", mas nada disso aconteceu. Então comecei a divagar.
Será que durante todo esse tempo, ele era imensamente apaixonado por mim? Será que é por isso que seus relacionamentos anteriores duraram tão pouco? Quem sabe ele só estivesse tentando me esquecer, achando que eu era uma espécie de mulher inalcançável, que nem naquelas cantigas de amor da época do Trovadorismo! Oh, pobrezinho! Mal sabe ele que eu sinto a mesma coisa que ele sempre sentiu.
– Joan? – Ele disse o meu nome pela quarta vez, em um mesmo dia! É, eu estou contando.
– Hã?
– E então, você aceita?
– AH! ACEITO! – Ele não estava brincando, então eu fiquei no mínimo eufórica.
– Ótimo. Agora eu vou te lançar uma espécie de desafio. – Ele se levantou, sem nem mesmo estender a mão para me ajudar a fazer o mesmo.
– Desafio? Como assim?
– Você me ama, não ama?
– Claro que eu amo. Senão não teria aceitado, né? – Que coisa óbvia, por que ele está me perguntando uma coisa dessas? É natural que namorado e namorada se...
– Pois bem. Eu não amo você. – ...Se amem. Como disse, rapazinho?
– O que quer dizer com isso?
– Eu quis dizer o que eu disse. Não amo você.
– Como assim "não me ama"? Por que me pediu em namoro, então? – Eu estava indignada.
– E aí que entra o meu desafio. Eu te darei o prazo de uma semana para que me convença de que eu a amo também.
– E como espera que eu faça isso?
– Eu não espero. Mas como você diz me amar tanto assim... Quero ver se os seus sentimentos são capazes de me alcançarem. – Eu o amo muito, sim. Mas estou morrendo de vontade de esbofeteá-lo. – E então, aceita o desafio?
Meu lado racional - que não é lá aquelas coisas - me disse para estampar um grande "não" na testa dele e sair andando, mas meu coração me dizia para aceitar e dar o melhor de mim, lutar por aquilo que eu queria. Mas quais eram as chances de eu conseguir? Sinceramente, eu já perdi as contas de quantas meninas tentaram e falharam miseravelmente. Se eu soubesse que ele estipulava tal desafio, acho que nem teria vindo até aqui. Mas eu vim e isso é algo totalmente diferente agora. Se eu me esforçar, acho que consigo. É, isso mesmo. Já sei muito bem a resposta que vou dar.
– Aceito.
– Muito bem. – Ele pareceu satisfeito. – Agora vou lhe explicar algumas regras.
– Algumas...Regras? – Isso é algum tipo de jogo?
– Sim, regras. A partir de amanhã, começaremos a agir como namorados autênticos e, se você não conseguir completar a tarefa proposta com sucesso até meia-noite da próxima quinta, terminamos.
– Certo. – Eu respondi, verdadeiramente séria.
– E mais uma coisa, não se atreva a ser vulgar. Se quebrar essa regra, terminaremos imediatamente, não importando se o prazo ainda não tiver acabado. Estamos entendidos?
– Sim... – Eu jamais imaginei que ele fosse tão frio e autoritário dessa forma. Chega a me assustar um pouco.
– Ótimo. Hoje, eu te levarei até a sua casa e amanhã, por volta das sete, estarei lá para te levar à escola.
– O-O quê? Não precisa fazer isso! – Balancei os braços, de forma dramática.
– Por que não quer que eu o faça?
– Porque...Bem, minha mãe vai pirar se souber que eu estou "namorando". – Eu desenhei as aspas no ar, com os dedos.
– É uma reação normal dos pais. E além do mais, isso não vai me impedir de agir de acordo com o que planejei.
– Mas...
– Esteja pronta às sete. E nada mais.
– Está bem... – Eu bufei. – Posso ir agora?
– Eu irei primeiro e, depois de dois ou três minutos, você pode descer. – Revirei os olhos. Estava cansada demais para retrucar ou discutir. Aconcheguei-me no chão e o vi descer as escadas. Olhem bem a confusão em que me meti. Meu Deus, no que eu estava pensando?
Mesmo que tudo isso me pareça um absurdo e mesmo que o meu príncipe encantado não seja um príncipe tão...Príncipe, eu não pude evitar abrir um sorriso. O destino me deu uma chance e eu não posso deixar ela escapar de jeito nenhum!
Afinal, ele pode ser autoritário, calculista e frio, mas quando a gente ama, tem que amar o pacote completo, não é mesmo? Assim como ele provavelmente vai ter que me amar, se eu conseguir fazê-lo se apaixonar por mim.
Foi com esses pensamentos que eu acabei adormecendo enquanto esperava três minutos exatos para descer as escadas. Afinal, eu é quem não queria começar as coisas com o pé esquerdo.
Acordei com a música do meu celular. Alguém estava me ligando. Eu o retirei do bolso e, sem olhar no visor, atendi.
– Alô?
– Joan? Cadê você?
– Ah, oi, Frankie. – Eu disse, enquanto bocejava. – Eu estou no terraço da escola, por quê?
– O que você está fazendo aí? – Minha amiga perguntou, indignada.
– Ah, longa história. Eu já vou descer. Onde você está?
– No pátio.
– Ué, o professor de História faltou?
– Não, sua babaca. Você cabulou as últimas três aulas depois do intervalo.
– Quê?? MERDA! – Pude ouvir um suspiro do outro lado da linha.
– Desça logo. Eu já estou com as suas coisas. Quero saber o que te fez ir parar aí.
– Estou indo! – Eu desliguei o celular e desci as escadas o mais rápido que pude. Assim que cheguei ao pátio, vi Frankie com pose de quem já me esperava a muito tempo e segurando meus materiais como se fosse soltá-los a qualquer momento.
– Finalmente! Cara, o que você ficou fazendo lá até agora?
– É que eu fiquei pensando em algumas coisas e acabei pegando no sono.
– Hein?
– AH. E eu estou namorando! – Eu disse enquanto batia palminhas e pulava. Frankie não pareceu nem um pouco impressionada.
– Com quem?
– Com o Daniel.
– Cara, vocês vão terminar em uma semana e você vai estar aos prantos por aí depois, se sentindo uma merda ambulante. E adivinha quem vai ter que te consolar e ficar ouvindo os seus choros no telefone? – Ela fez uma pausa dramática. – EU. – E apontou para si mesma.
Era incrível. Frankie tem 1, 47 de altura, parece ser uma menina adorável, branquinha, lindinha, fofinha, de olhinhos verdes mais doces que açúcar, cabelo lisinho e castanho, usa roupas que SEMPRE são maiores que ela e consegue enganar com uma falsa meiguice quando quer. Mas depois que ela abre a boca, você desconfia de que ela foi algum tipo de maloqueira na vida passada.
– Nada disso vai acontecer se você me ajudar. – Eu sorri, persuasiva.
– Ai, lá vem merda.
Haha, é por isso que ela é minha melhor amiga.

~ Fim do Capítulo ~

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